sábado, 18 de abril de 2009

Desastre Aéreo


Antes desse acidente, conta Alaor Ribeiro na coluna Opinião do JM Oline, que o Tenente Douglas e o co-piloto mortos em Cambuquira, já haviam aprontado algumas outras proezas no Rio de Janeiro. A morte em nossa cidade aconteceu por causa de "um rabo de saia", como se dizia naquela época.

O Brasil tinha entrado na segunda guerra mundial e por causa disso, o governo do Presidente Getúlio Vargas, até mais para fazer uma propaganda do seu governo, determinou que a Força Aérea fizesse manobras entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar com três monomotores NA numa operação que ficou conhecida como “Senta a Pua”.

Assim, os pilotos ganharam notoriedade e como os atuais galãs de novela provocavam suspiros das donzelas “Filhas de Maria.” Para cortejá-las o piloto desfilava com suas vestes militares do cargo composta de jaqueta de couro argentino. E, para impressioná-las ainda mais faziam rasantes sobre as casas, a igreja e até nos hotéis das Estâncias visitadas por moças da alta sociedade carioca.

Como um padre e um bispo talvez tivessem feito algum comentário contra a atitude dos pilotos, Tenente Douglas, talvez para hostilizar o bispo que era de origem alemã, embora brasileiro de Santa Catarina, e o padre Monsenhor Mesquita, tentavam arrancar o “galo da torre da Igreja das Dores”, fazendo com que esse indicado de vento rodopiasse, mas não caia. Era um doido varrido, que pelo que consta fazia a cabeça dos outros colegas que o acompanhavam nas suas artes.

Num desses treinamentos na Serra da Mantiqueira, resolveu chegar até Cambuquira para fazer suas piruetas para namoradinha que estava no Hotel Globo. Depois de alguns rasantes sobre a cidade resolveu passar perto do hotel, com se comenta em Cambuquira, para jogar um bilhetinho para uma das namoradinhas que ele havia conquistado com aquela fama de piloto.

Conforme nos contaram, a última de suas rasantes notou que o avião não conseguiria “arremeter” e antevendo o próprio fim desligaram o motor e se encostaram com os olhos cerrados (conforme ainda pode ver uma das moradoras de uma casa mais alta da rua do grupo) para explodir no meio da rua entre o Hotel Globo e a venda de um comerciante local. A explosão provocou um enorme estrondo levantando poeira por toda área central da cidade.
Nessa queda uma das asas ainda arrancou uma menina,uma das filhas do proprietário do prédio, da área de sua casa jogando-a do outro lado da rua. Outra moça, Geralda (D.Geralda do Jocílio), salvo engano, recebeu um tijolo no peito retirado pelo impacto do prédio da referida venda e também quase morreu.
João Gato (João Noronha)* que havia voltado da Guerra onde trabalhou como enfermeiro no “front” tinha uma barraca de frutas e vendo aquele avião em rasante ainda teve tempo de correr e assistir a queda sobre suas frutas. Ele que havia se salvado das balas dos alemães se livrou mais uma vez da morte naquele dia.

Pelo menos, no último instante de vida, Tenente Douglas ainda teve um espírito de responsabilidade, desviando o avião para o meio da rua e desligando o motor. Caso contrário o desastre seria maior, pois os hotéis estavam repletos de turistas que naquela época de férias lotavam as estâncias. Mesmo assim, foi uma coisa pavorosa. Sangue,gasolina e óleo se espalhou pelo rua. No resgate dos corpos só se tirou migalhas humanas no meio dos destroços perante uma multidão de curiosos.


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